domingo, 20 de setembro de 2009

A GARRA, IMPLACÁVEL, DO DESTINO






Sintya caminhava pela Avda. Nazaré sentindo no se corpo - ainda molhado, a fresca umidade deixada pela chuva da tarde. Seu vestido tipo cigano leve, decotado, encobria ate os calcanhares; por baixo o corpo praticamente nu, vivendo seus belos dezessete anos, no balançar rítmico de seus seios em liberdade.

Percebia os olhares críticos das mulheres – encapasses de imita-la e, libidinosos dos homens, que pareciam insistir no desejo de tirar, con os olhos, aquele pano colado na sua pele. Era evidente, e ela já o sabia, que as suas formas eram perfeitas, insinuantes e seu andar espalhava ritmos tropicais. Ao passar nas vitrines, ela olhava-se, jogava seu cabelo preto, brilhante, cacheado por cima dos ombros e seu rosto quase perfeito deixava ver um leve sorriso de prazer. Era a mãe natureza orgulhosa, perfeicionista, mostrando a simplicidade da sua máxima obra de arte: a mulher.

Ao passar pela Praça de Nazaré, de um grupo de jovens estudantes ali reunidos, alguém gritou:

- “ égua!” será que o céu esta de greve, que os anjos passeiam, nus, na terra?

Sintya ficou seria por uns instantes, depois dedicou, ao grupo, seu melhor sorriso. Acomodou a alça da pequena bolsa de crochê pendurada sobre os ombros e continuo seu desfile pessoal.

Era a única filha de um casal de funcionários do Estado que dedicavam toda a sua existência a aquela jovem. Ela correspondia com a alegria sadia daqueles jovens anos e um comportamento exemplar. Boa estudante nada fazia inquietar aos pais que se sentiam felizes construindo a vida da filha.

O calor do corpo a saída de um sol forte radiante, fato comum em Belém, enxugaram rapidamente as suas roupas que, o suave vento, trazido, pelas frondosas e antigas mangueiras, encarregavam-se de flamejar.

Entrou nas Lojas Americanas comprou dois tabletes de chocolate branco, nela, debilidade, que virou vicio incontrolável. Saiu, cruzou rumo a praça, contornando os carros detidos esperando pelo sinal abrir. Deteve-se em cada artesão hyppy que encontrou, onde adquiriu dois enormes brincos que ressaltaram, mais ainda, a sua beleza. Fez desenhar seu rosto frente a entrada do antigo teatro, em quanto dava fim ao chocolate. Cruzo na esquina do INSS, pela calçada foi rumo as Docas. Visitou uma expo de quadros, deteve-se a ver um grupo regional de danças interpretando um carimbó, comprou um sorvete na kairu que degustou, lentamente, olhando o caudaloso rio. Sentada ao pé de um enorme e antigo guincho lembro de Sidney; novamente ele lê propus namorar. Não tinha duvidas de que gostava dele e que seria possível manter um relacionamento serio, mas..., existiam prioridades que não eram precisamente namorar. Devia evitar cria-lhe expectativa, não seria justo. Lembro dos pais e uma repentina nostalgia a invadiu, alagando seus olhos. Tomou o celular:

- Ola mãe! Estou nas Docas.. sim...estou saindo. E o pai? Da um beijão nele, por mim, eu os amo. Tchau! Tchau!

Levantou-se lentamente e foi saindo rumo a parada do ônibus. Seu prazeroso lazer estava chegando ao fim, tinha que voltar a casa. Na parada não tinha ninguém – fato pouco comum, só ela esperando o coletivo 635 a CDP. Virou as costas a rua, e ficou olhando as barracas da ferinha do Vero-Peso. Um estrondo que veio da avenida a fez virar a cabeça alcançando a ver quando, um carro, a alta velocidade, batia num ônibus, perdendo o controle vindo na sua direção.

Os belos olhos verdes pareciam querer sair das órbitas, a boca muita aberta; a paralisia do terror não a permitiu ensaiar defesa. Sentiu o impacto em seu corpo, depois...; arrastado ate o veiculo deter a sua macabra marcha contra o pe de uma mangueira. Na sua mão, o desenho semi-aberto, feito a lápis lia-se: “ Mãe: em seu aniversario, para que sempre me lembre assim, jovem, linda! Já Já. Sintya.

O jovem motorista, de apenas 20 anos estava bêbado e, drogado.

Um comentário:

  1. Qué bien que resolviste ponerlos a público! Las escuchaba y me veía en esas histórias. Está muy bueno!

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